quinta-feira, fevereiro 16, 2006

lisboa(ainda em miranda) parte 3 - Fim

Depois, daqueles momentos, não merecedores de, aqui, serem contados, mas que podem ter a firme certeza, foram de reflexão para o menino João (pois a sua cabeça estava apoiada nos seus joelhos e as suas mãos repousavam, levemente, na sua pequenita nuca, tal como se reflecte profundamente), deu-se a retirada do Trinu's Bar. O menino João, entre dois, dos únicos indivíduos que resistiram, a seu lado, ia caminhando, suavemente, tal como, uma bela princesa num areal. Ao mesmo tempo, que caminhava até ao carro que o transportaria, acenava com a cabeça aos transeuntes. Ora para cima, ora para baixo, ora para um lado, ora para outro.. Até aqui tudo bem. Maass...... Oh Joãozinho não havia ali ninguém, não havia transeuntes!!.. Oh pobre menino... e, assim, prosseguiu até ao carro.
Dizem, os mais antigos, que o menino João nunca tinha entrado num carro, antes daqule fatídico dia, e nós a partir daquele dia pensamos o mesmo.. Tudo, porque o menino, tendo entrado, já no carro, abriu o vidro e, a partir daí, era vê-lo com sua formosa testa ou caixa córnea (como queriam) ao sabor do vento, tal como um motard na sua mota, ou um burriqueiro a tocar a sua gaita montado no seu burrito. Falava em bom tom, à moda do reconhecido mirandês, Luís Mercedes e lá prossegui, calmo, até à próxima paragem, numa caixa multibanco, como muitas outras, perto de si.
Na caixa multibanco estavam, já, à sua espera os ilustres pauliteiros e pauliteiras que, pouco tempo antes, tinham partido em debandada, do bar, acima referido. No interior, da caixa multibanco que, nesse momento, mais parecia um albergue, o Joãozinho apresentava-se cabisbaixo, eram evidentes os sinais de desgaste provocados pela noite avassaladora que passára. Ao invés, os seus companheiros, lá continuavam animadotes, sempre em tom de brincadeira iam abrilhantando a sua noite e aquecendo o seu espírito, pois a noite não estava para brincadeiras, os termómetros marcavam -9º. Todos tentavam brincar e gracejar com o estado do menino. Ofereciam-lhe água, tratavam dele como um bébésito daqueles que só apetece apertar as bochechas. João, apenas levanta a sua cabeçita para cantar a juvial música "(...) je t'aime, i love you, (...) je t'aime, i f*ck you." em tons graves e prolongados e ajudava, assim, à continuação da farra, entre a malta. Esta farra, animou-o, levantou-lhe a moral, apesar da sua moral e também ele cambalearem, de vez em quando!
Mas, para se entreter, João, como qualque criança, tinha arranjado, já, um brinquedo, sem que ninguém tivesse dado conta disso. O brinquedo era de plástico de tonalidade azul, tinha uma tampa, mesmo azul, e um rótulo azul vermelho e branco, ou seja: "Oh Joãozinho!! Oh tótó, aquela m*rda, era só uma garrafa de água!! Dahh.." Mas, mesmo só com uma garrafa de água, o nosso menino conseguiu brincar. Começou por molhar a caixa MB, com o seu brinquedo, e gritava ele, todo campante, para a sua amada caixa MB: "OH p*ta!!". Mas, nós, seus companheiros, evitamos que ele maltrata-se, continuadamente, a sua amada e separamo-los.. Então, ele partiu para outra brincadeira. Tentava molhar quem o rodeava, mas quase todos o conseguiram evitar!!.. Menos uma pessoa.. Ohh!! Pobre, a infeliz que não conseguiu escapar! (É, neste momento, que podem ir buscar os lenços e comecem a preparar-se, para que uma lágrima lhes escorregue do olhito, de tanta pena que vão sentir da humilde rapariga que sofreu o ataque, deste pequeno grande monstro!) Foi uma nobre rapariga, que leva no(s) peito(s) uma valente humiladade e simplicidade, como se algum dia olharem para ela poderão verificar. Ela dá pela alcunha de "Chocolaté" (eu não sei o porquê desta alcunha, mas é que ninguém sabe!! P'ra quê?!! lol), ou seja, é a nossa amiga pauliteira Débora. Ela, sofreu o ataque rápido e mordaz do Joãozinho, ele só disse: "Eue naue mólhu niiinguém!! Xó a tchocolatééé..". E, logo, desferiu o seu ataque, elevando a sua garrafa aos céus.. pondo a pobre rapariga como um pito, ou melhor, toda molhadita!.. Tadita.. Era vê-la ali bracejando, num misto de espanto, frescura e tristeza, gritando: "Ahhh"e, ali estavamos nós petreficados, pelo acto horrorífico a que tinhamos assistido, incapazes de dar uma mão à nossa humilde amiga.
Entretanto, o autocarro chegou, os relógios apontavam já para as 4h da madrugada, entramos, cantarolamos alguns canções, conversamos em amena cavaqueira. Repetinamente, ouvem-se vozes de espanto, João já dormia. Assim, ficou durante, aproximadamente, duas horas. Depois, acordou, voltou à carga, mas eufórico como nunca.... E, tudo se resume, assim, João dizia:" Olha o tom, olha o tom!!! Piiiipiiiiiiiiiiiiipiiiiiiuiiuiuiuuiu!!", ao que o pessoal cantava:"Papagaio loiro de bico doirado...!
P.S: Afinal, o papagaio não morreu!! Voltou mais forte do que nunca!!

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