10 de Julho, Dia da Cidade de Miranda do Douro.

Foi a 10 de Julho, de 1545, que D. João III elevou Miranda a cidade por querer “fazer graça e merce a dita villa de Miranda assy pelos ditos respeitos como per seus merecimentos e serviços que a mim e aos Reys meus antecessores tem feytoo”.

Hoje, portanto, festejam-se os 462 anos desta nobre e sofrida cidade encravada entre o árido planalto e as rudes arribas e esmagada por um Portugal cada vez mais virado para a hipotética centralidade da costa Atlântica.

E pensava o povo que a Campanha das Índias já houvera acabado! Desenganem-se... do mar já não chegam à Lusitânia especearias, mas maços de notas vindos das naus do velho continente e do "novo" Reino de Bruxelas. Notas, moedas, vinténs que se espalham pelo sopro dos Adamastores ao longo da costa em faraónicas construções. E ao país escondido, envergonhado e timidamente virado para a Europa nada mais lhe resta do que tocar ao compasso de Lisboa tímidos alertas para tímpanos que urgem humanidade.

É por conseguinte, com um misto de orgulho pelas nossas raízes e uma tamanha desilusão por tudo quanto tem sido lentamente saqueado às nossas gentes que se pode festejar novamente esta data. Por um lado, a cidade de Miranda continua a ser uma das mais resplandecentes do país a nível histórico-cultural. Mas por outro, tem perdido lentamente a importância socio-económica que obteve no passado, tanto por foral de D.João III em 1545, como pela construção da barragem, na 2ª metade do século XX.

Faça-se a festa. Recorde-se o passado. Mas lute-se, neste dia, pelas causas que nos levarão ao futuro!

10 de Julho de 2007,

A luta continua!

Fotografia: Paulo Meirinhos